sábado, 19 de março de 2011

CONSTRUTIVISMO DE PIAGET - Inteligência e Conhecimento

CONSTRUTIVISMO DE PIAGET – INTELIGÊNCIA E CONHECIMENTO

Piaget e Vigotsky


O que é “construído” é inteligência e conhecimento. Para Piaget, estas palavras têm um significado, algo diferente do que usualmente tem para nós. Piaget usa ambos os termos para referir-se à mesma coisa: a inteligência adaptativa do individuo ou o conhecimento que o habita a adaptar-se a um maior número de situações.

            O conhecimento é “conhecimento” no sentido amplo, e isto, para Piaget, é a mesma coisa que “inteligência”. É diferente do  conhecimento no sentido restrito, no qual o termo refere-se a uma pequena informação.

            Repetindo: “conhecimento”, no sentido amplo, é o mesmo que “inteligência”, e, no sentido restrito, refere-se a  uma pequena informação.

            Para ilustrar a diferença entre conhecimento no sentido amplo e conhecimento no sentido restrito, Furth(1969) dá um exemplo (que procuraremos adaptar ao nosso país): Se tentarmos ensinar às nossas crianças da pré-escola que Brasília é a Capital do Brasil, o máximo que poderíamos obter seria uma repetição mecânica . As crianças não entenderiam a afirmação porque não tem o quadro geral de conhecimentos que necessitam para colocar esta afirmação. Elas precisam de um quadro geral de geografia e de organização política para compreender esta frase.

            Com quatro anos de idade, mesmo morando em Brasília e em um país ao “mesmo tempo”, a palavra “capital” pode significar uma pessoa, um edifício,uma fonte ou nada.

            Para compreender “Brasília capital” e “Brasil” é necessário capacidade de classificação e generalização.A relação entre essa palavras precisa ser entendida como é para nós que conhecemos a relação entre Londres e Inglaterra, Paris e França, Lisboa e Portugal, etc.

            Crianças da sexta série poderiam compreender um pouco melhor que Brasília é a capital do Brasil, entretanto mais tarde, lendo jornais, estudando Geografia e História, e indo com pessoas mais velhas à Brasília, a mesma criança estará apta para extrair ricas afirmações da frase: “Brasília é a capital do Brasil”.

Se o interrogarem, que a palavra Brasília a faz lembrar, ela poderá dizer: Palácio da Alvorada, Praça dos Três Poderes, Lago Paraná,etc. Estas associações exemplificam o ponto de vista de Piaget, segundo o qual “desde que o conhecimento seja organizado numa totalidade estrutural coerente, nenhum conceito pode existir isolado”. Cada conceito é sustentado e colorido por uma rede completa de outros conceitos.
           
Conhecer o fato específico de que Brasília é a capital do Brasil é um exemplo de conhecimento no sentido restrito. O quadro geral que habita a criança a compreender a afirmação especifica sobre Brasília, nos aspectos de sua classificação e relação é, por outro lado, um exemplo de conhecimento no sentido amplo.

Este conhecimento não é uma coleção de fatos específicos, mas antes, uma estrutura organizada. “Conhecimento no sentido amplo é o que possibilita a criança compreender uma informação especifica”.

Para Piaget, o significado do conhecimento especifico depende do desenvolvimento do conhecimento no sentido  amplo. A criança compreende e aprende novas coisas através de seu amplo quadro de conhecimentos, ou seja, sua inteligência.

Para compreender o que Piaget quer dizer quando afirma que “o que possibilita à criança a compreensão de afirmações especificas  é o conhecimento no sentido amplo”, pensemos nas perguntas mais divertidas que fazem as crianças no nível pré-operacional. Um exemplo foi dado por uma psicóloga cujo filho de quatro anos perguntou: Por que o sol é tão quente? Tentando responder a seu filho de uma maneira que ele pudesse entender, a mãe disse: Porque o sol é como uma grande bola de fogo. A pergunta seguinte foi: Quem atirou ela lá?

A razão desse tipo de pensamento da criança pré-operacional, diferente do pensamento adulto, é que o conhecimento é construído na mente pela assimilação do conhecimento anterior: o conhecimento é sempre um todo organizado em que cada nova idéia é encaixada.

Outro representante da teoria interacionista é o russo Vygotski(1896-1934), também conhecida como sócio-interacionismo.

No trabalho de Vygotski, e no dos seus seguidores, especialmente Luria e Leontiev, existe uma continua interação entre as estruturas orgânicas e as condições sociais em que a criança vive. Através do contato com outras pessoas mais experientes, a criança vai, por meio da linguagem, se apropriar do conhecimento.
Homem  = biológico
                =  social
                =  individual

Através da fala e do comportamento de pessoas mais experientes é que se forma e que se organiza o pensamento infantil, que gradativamente adquire a capacidade de se auto-regular. Por exemplo, quando uma pessoa mais velha dá nome a determinados objetos, indicando para a criança as várias relações que estes mantêm entre si, ela constrói formas mais complexas e sofisticadas de conceber a realidade. Quando se mostra a uma criança de dois anos que o ferro é quente e queima, o fato de se apontar para o objeto e falar o que acontece provoca na criança uma modificação na percepção e no seu conhecimento. Esse processo de interiorização (processo ativo), possibilita que a criança se aproprie do social de uma forma particular.

Ela interioriza e transforma o conhecimento dentro de uma interação constante. Ao mesmo tempo em que a criança interage com o outro, ela é capaz de se posicionar frente a esse outro ser seu crítico e seu agente transformador, até ter o controle sobre sua própria conduta. Quando a criança internaliza essas instruções, ela modifica também suas funções psicológicas: atenção, memória, percepção e capacidade para solucionar problemas.

Para Vygotski, pensamento e linguagem são dois círculos interligados. E na união deles que se produz o pensamento verbal, o qual não inclui todas as formas de linguagem nem todas as formas de pensamento, caso da inteligência prática, que nem todas as áreas do pensamento tem relação direta com a fala.

            Vygotski não aceita a seqüência de estágios cognitivos proposta por Piaget, porque acredita na diversidade das condições histórico-sociais em que vivem as crianças. Para ele os fatores biológicos preponderam sobre os sociais apenas no inicio de vida, depois o desenvolvimento do ser humano se dá dependendo das condições e das interações humanas.
Prof  Dr  Aldry Suzuki

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